Apenas uma carta
Pra minha linda e querida filha:
Estou te escrevendo uma dessas cartas antiquadas.
Na verdade é uma arte perdida como punhetas...
Tenho uma confissão: não gostava de você no começo.
Você era uma criatura chata, mas cheirava bem.
Não parecia interessada em mim.
O que considerei um insulto.
Era só você e sua mãe contra o mundo.
Engraçado como algumas coisas nunca mudam.
Então cheguei fazendo besteiras.
Sem entender como ser pai muda a pessoa.
Não lembro o momento exato.
Só sei que mudou.
Num minuto eu era impenetrável, nada me tocava.
No próximo, meu coração batia fora do peito.
Expostos aos elementos.
Amar você vem sendo a mais profunda, intensa e dolorosa prova da minha vida.
De fato é quase demais para aguentar.
Como pai, fiz um voto de silêncio.
Para te proteger do mundo.
Sem perceber que eu acabaria te machucando mais.
Quando imagino quebro meu coração.
Não consigo imaginar você tendo orgulho de mim.
Como poderia?
Seu pai é uma criança no corpo de um homem.
Ele se importa com tudo e nada ao mesmo tempo.
Correto no pensamento, fraco na execução.
Algo tem que mudar, algo tem que ir.
Esta ficando escuro, escuro demais pra ver.
(Frank Moody – Californication)
2 comentários:
Talvez recitaria isso pra minha filha também...
talvez não... :[
Acho melhor não. rs
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