Parte
5
Leonard estava sentado em sua
poltrona favorita, segurando aberto com uma das mãos um livro velho de capa
suja, de titulo italiano que traduzido se chamava “O velho Farol”, enquanto
fumava seu cachimbo da década de 70. O seu preferido. Também o único da época
na sua vasta coleção de mais de quinhentas peças. Colecionava cachimbos e
talvez fosse um dos únicos no país que colecionava presas de felinos diversos,
desde pequenos gatos da selva até o mais temido dos leões. Caçava de vez em
quando, apesar de não gostar muito de se aventurar, preferia comprar dos
caçadores mais experientes, não importando o preço que lhe fosse cobrado, pois
havia arrecadado uma fortuna depois de ter vendido sua empresa de tecidos. E
teria dinheiro o bastante para viver esbanjando até seus 85 anos pelos seus
calculos.
A sala onde estava era repleta
de obras de arte e de animais empalhados. A parede a sua frente estava recheada
de pequenos quadros, dele com amigos e em poses com armas de quase todos os
calibres. Um rápido descanso nos olhos, retirando o fino óculos o fez reparar
na parede onde ficavam seus rifles, e haviam 7 deles, presos a parede
firmemente e de modo que não encostavam na parede de madeira para evitar o
rápido desgaste. Mas o oitavo rifle não estava no seu lugar. Mas como poderia
ser possível, Leonard não sairá de seu lugar por nada, e tinha certeza que
havia visto todos os oito em seus devidos lugares antes de se sentar. Até que
um barulho soa vindo da cozinha. Leonard rapidamente se apressa em checar o que
estava acontecendo. Imediatamente seguiu em direção a uma antiga escrivaninha
um pouco a frente da poltrona e abrindo a gaveta segurou firmemente seu
revolver, checando as munições, logo fechando o tambor e se apressando para
talvez surpreender o possível ladrão.
–Esse rifle vale uns 15 mil
dólares seu filho da mãe, não vou deixar você ficar com ele! -Pensava ele,
enquanto se movia lentamente de costas para a parede, se aproximando da porta
da cozinha, onde havia escutado o barulho.
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O homem já estava dentro da casa
a sete minutos, dessa vez tinha recebido dois endereços, e estava confuso se o
tempo que tinha era apenas para uma vitima ou para as duas. Nunca havia recebido
dois endereços antes, e ainda mais pela manhã. Não eram nem mesmo 10 da manhã
de sábado e já teria que matar duas pessoas antes mesmo de tomar o seu café.
Não poderia esconder o medo que sentia, era também a primeira vez que teria que
matar alguém que poderia ser uma ameaça a sua vida. Pela decoração da casa, e
pelo bairro onde estava, as vitimas se tratavam de antigos irmãos de guerra,
possivelmente patentes maiores do exercito. Mas não existia escolha a não ser
prosseguir e rápido com a tarefa imposta.
Apontando o longo cano da arma
para a direção certa apenas esperou o rato cair na ratoeira.
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O velho guerrilheiro ainda sabia
como se esgueirar, se lembrava das antigas missões no talibã, quando ainda
comandava o grupo de garotos que atacavam como lobos as clareiras das terras
escuras do país hostil em que se encontravam. Leonard se aproximava
cautelosamente da porta, uma fresta o fez observar a cozinha quase toda por
completa, o deixando em duvida se poderia adentrar em segurança, quando de
repente outro forte barulho de metal soa agora do lado de fora. Era a lata de
lixo encostada na porta de trás da casa. –O maldito esta fugindo pelos fundos!-
Pensou ele já saindo de onde estava e adentrando na cozinha com medo de perder
o ladrão de vista. Mas surpreendido com o gelado cano da arma em sua boca não
vê outra alternativa a não ser parar, e agora apenas observa.
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-Largue a arma senhor e ajoelhe!
–Ordena ele.
-Podemos conversar rapaz, o que
deseja? Tenho muito dinheiro e muitos itens valiosíssimos! – Diz Leonard ao
ladrão que apontava o oitavo rifle de sua coleção pessoal em sua direção.
-Eu vim até aqui para matá-lo
miserável, apenas isso, dinheiro é o que não me falta! –Afirma ele já quase
apertando por completo o gatilho dourado do rifle.
-Mas por que me matar rapaz, o que
eu fiz? –Pergunta o velho, olhando para os olhos claros do homem todo em negro
na sua frente.
E o som do disparo soa tão alto que
chega a preocupar o homem que larga o rifle no piso antes branco da cozinha.
-Só falta mais um! –Sussurra ele
seguindo em direção da janela.
Continua...
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